O Método Therasuit foi criado em Michigan/USA, pelos fisioterapeutas Izabela Koscielny e Richard Koscielny, a base da técnica foi uma veste criada por pesquisadores russos com intuito de contrapor os efeitos negativos vividos pelos astronautas (diminuição da ADM, atrofia muscular, osteoporose, diminuição da funcionalidade muscular) devido à falta de ação da gravidade em suas longas viagens pelo espaço.
O Método Therasuit é um programa intensivo e individualizado que visa o ganho de força muscular, melhora e modificação da propriocepção, redução dos reflexos patológicos, restabelecimento da sinergia muscular fisiológica, aumento da carga sobre o corpo todo, auxílio da restauração dos padrões normais de movimento e correção do alinhamento corporal, dando suporte para a musculatura fraca, estimulando, assim, o treino do sistema nervoso central.
Através de um vestuário específico (short, colete, joelheiras e sapatos, vestimenta que se encontra interligada por um sistema de cordas elásticas), são realizados exercícios universais do método, dentro de uma “gaiola”.
O objetivo da vestimenta é promover estabilização, facilitação e dar suporte aos grupos musculares. Esse mecanismo produz estímulos sensoriais que chegam ao Sistema Nervoso Central pelos receptores sensoriais presentes em várias estruturas, assim como os receptores dos fusos musculares, tendões e articulações, para discriminar a posição e o movimento articular, inclusive a direção, a amplitude e a velocidade, bem como a tensão realizada sobre os tendões.
O Método Therasuit é diferente da terapia convencional, pois envolve uma indução de fortes aferências proprioceptivas que estimulam a formação de novas conexões cerebrais e reforça as existentes, favorecendo a aprendizagem motora. Esta aferência emerge do sistema de elásticos do fato que atua como um esqueleto. Contribuindo, assim, para a capacidade do indivíduo formar novas programações motoras através do realinhamento postural e reeducação da função muscular, permitindo-lhe aprender ou reaprender padrões adequados de movimento.
O protocolo Therasuit consiste em exercícios intensivos de três a quatro horas diárias, por cinco dias na semana, com duração de quatro semanas consecutivas. Na primeira semana, o foco é rebaixar o tônus, diminuindo o padrão patológico, na segunda semana, trabalhar o ganho de força muscular e, na terceira semana, aumentar a resistência e trabalho das posturas de sentar, engatinhar e andar, com o objetivo de promover, restaurar ou manter a funcionalidade do corpo como um todo.
Vários benefícios são observados na rotina clínica durante e após o tratamento com o Método Therasuit, como por exemplo: reaprendizado do SNC, promoção da estabilização externa, normalização do tônus muscular, alinhamento corporal, promoção da correção dinâmica e a estimulação tátil – que influencia o sistema vestibular, promove o equilíbrio e a coordenação, controla movimentos involuntários (ataxia e atetose), promove as habilidades motoras finas e grosseiras, aumenta densidade óssea e diminui contraturas.
O Método Therasuit é indicado para as seguintes patologias: paralisia cerebral, síndrome de Down, atraso no desenvolvimento motor, prejuízos traumáticos, pós-acidente vascular encefálico (ave), ataxia, atetose, espasticidade, hipotonia, pós-rizotomia dorsal seletiva (RDS). Também auxilia no tratamento de pacientes que sofrem de problemas de desintegração sensoriais e autismo.
Mesmo com tantas indicações, todo profissional que reabilita através do Método Therasuit precisa ter algumas precauções em relação aos pacientes que se enquadram nessas situações: cardiopatias, hidrocefalia com DVP, diabetes, problemas nos joelhos, hipertensão arterial.
O Método Therasuit é contra indicado para pacientes que apresentam determinadas patologias como: subluxação de quadril > 50%, escoliose grave, osteoporose grave, úlceras de pressão, infecções e inflamações.
Os pacientes que são reabilitados através do Método Therasuit devem ser tratados com enfoque em suas atividades funcionais para serem integrados na vida comunitária, e para isso se faz necessário uma equipe multidisciplinar. O tratamento fisioterapêutico, fonoaudiológico e do terapeuta ocupacional é de extrema importância, pois abrange diversos recursos durante o tratamento, com enfoque sempre nas alterações funcionais, biomecânicas, nas atividades de vida diária e laborais.
Referências:
KOSCIELNY, Izabela. Therasuit: Soft Dynamic Proprioceptive Orthotic. Cerebral Palsy Magazine, 2004. Disponível em:
http://www.suittherapy.com/images/TheraSuit%20Article.pdf. Acesso em: 29 maio 2020.
OLIVEIRA, Léia Cordeiro de et al. Análise dos efeitos do Método TheraSuit na função motora de uma criança com paralisia cerebral: estudo de caso. J Health Sci Inst, v. 37, n. 2, p. 165-168, 2019. Disponível em:
https://www.unip.br/presencial/comunicacao/publicacoes/ics/edicoes/2019/02_abrjun/11V37_n2_2019_p165a168.pdf. Acesso em: 29 maio 2020.
ROSA, Kelly Cristina Rafael et al. THERASUIT E PEDIASUIT EM CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL. Revista Referências em Saúde da Faculdade Estácio de Sá de Goiás, Goiânia, v. 02, n. 3,p.102-110,2019. Disponível em:
http://revistaadmmade.estacio.br/index.php/rrsfesgo/article/viewFile/7190/47966162.Acesso: 29 maio 2020.
SOARES, Ulidiane da Silva. O Therasuit como Terapia no tratamento da Paralisia Cerebral: Revisão da literatura. 2017. 12 f. Monografia (Especialização) - Curso de Fisioterapia, Especialização em Fisioterapia Neurofuncional, Faculdade Faserra, Manaus, 2017. Disponível em:
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