"Eu estou exausta": quando a mente pede cuidado
- FisioForm

- 7 de jul.
- 2 min de leitura

Você já sentiu um cansaço que não passa, mesmo depois de dormir? Já acordou sem vontade de começar o dia, mesmo tendo feito “tudo certo”? Essa sensação de peso constante, falta de energia, irritabilidade e dificuldade de concentração pode ser um sinal claro de exaustão mental, um tipo de esgotamento emocional que se instala aos poucos — e que muitas vezes passa despercebido até se tornar insustentável.
Diferente do cansaço físico, que costuma melhorar com descanso, a exaustão mental persiste. Ela nasce do acúmulo de tarefas, responsabilidades, cobranças e preocupações, somada à ausência de pausas verdadeiras. Com o tempo, ela pode afetar o corpo também: insônia, dores de cabeça, alterações no apetite, baixa imunidade e crises de ansiedade são sinais que não devem ser ignorados.
A psicologia compreende que a saúde mental está profundamente conectada ao corpo, às relações e ao ambiente em que vivemos. Por isso, o cuidado precisa ser integral. Não basta tratar apenas o sintoma — é necessário olhar para a rotina, os vínculos, os limites e até para aquilo que aprendemos a considerar “normal”, mas que nos adoece silenciosamente. O acolhimento psicológico possibilita reconhecer o que está pesado demais e construir novos caminhos de cuidado.
Nesse processo, a psicoterapia é uma ferramenta fundamental. Ela oferece um espaço de escuta, reflexão e reconstrução. É onde se pode reconhecer emoções, entender padrões de comportamento e desenvolver formas mais saudáveis de lidar com o que a vida exige. Cuidar da saúde mental não é sinal de fraqueza — é um passo corajoso em direção ao equilíbrio e à autonomia emocional.
A literatura e o cinema também nos ajudam a acessar o mundo interno. O livro "Coraline", de Neil Gaiman, por exemplo, apresenta de forma simbólica o peso de viver em um mundo onde ninguém parece ouvir ou ver o que sentimos — um reflexo das dores emocionais não validadas. Já no filme "O Castelo Animado", de Hayao Miyazaki, acompanhamos a protagonista Sophie vivendo uma transformação física quando se sente esgotada e invisível, e só encontra alívio quando começa a se reconectar com sua própria vontade. Essas histórias de fantasia falam, em outras linguagens, sobre como o desgaste emocional pode nos transformar — e sobre a importância de recuperar o brilho dos olhos.
É importante lembrar que, além da terapia e da arte, pequenas ações no dia a dia fazem diferença. Dormir bem, se alimentar com atenção, movimentar o corpo, respirar fundo, buscar momentos de silêncio, dizer “não” quando necessário e cultivar o que dá prazer são práticas simples — mas muitas vezes esquecidas — que ajudam a aliviar a sobrecarga. O básico bem feito é, muitas vezes, o que nos salva.
Se você tem se sentido exausta, saiba que esse sentimento merece escuta e acolhimento. Não é necessário esperar “dar conta de tudo” para buscar ajuda. O cuidado pode começar aos poucos, com um passo de cada vez. E, aos poucos, o que parece impossível de carregar pode se tornar mais leve — com apoio, consciência e gentileza consigo mesma.
Escrito por Janyelhi Caroline de Oliveira Simões
Psicóloga | CRP 12/26464
Referências Bibliográficas
GAIMAN, Neil. 2003. Coraline. Tradução de Regina de Barros Carvalho. Rocco: Jovens Leitores.
Miyazaki, Hayao. 2004. O Castelo Animado. Japão, Studio Ghibli.




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